“Esse evento quebra preconceitos, combate a xenofobia e divulga a causa tão pouco conhecida pelos brasileiros”, conta organizador do torneio
Por Alethea Rodrigues
Em São Paulo (SP)
Depois de eventos prévios e até um torneio em Porto Alegre, começou neste final de semana (16 e 17/09) a quarta edição da Copa dos Refugiados, em São Paulo. O evento, que a cada ano se consolida como uma importante ação para integrar e unir refugiados de todas as partes do mundo, usa o futebol como meio de rebater os preconceitos em geral associados aos refugiados.
A edição deste ano começou com cerca de 250 jogadores, divididos em 16 times: Angola, Benin, Camarões, Colômbia, Gâmbia, Gana, Guiné Bissau, Guine Conacri, Iraque, Mali, Marrocos, Nigéria, República Democrática do Congo, Síria, Tanzânia e Togo. Ao final dos dois dias de jogos (sábado no Parque Ceret e domingo no Parque da Aclimação), Nigéria e Marrocos tiveram as melhores campanhas e vão disputar a final, no domingo (24). O terceiro lugar já foi definido no final de semana e ficou com Guiné Bissau, que venceu o Togo.
A decisão será no estádio do Pacaembu, tradicional palco do futebol paulista e brasileiro. A entrada é gratuita, mas a organização sugere a doação de um quilo de alimento não perecível.
Lazer e talentos
A maioria dos refugiados encara o futebol como lazer, para fazer novas amizades e unir ainda mais a comunidade dos seus países do origem. Mas um dos coordenadores da Copa, o sírio Abdulbaset Jarour, garante que há jogadores com talento suficiente para se tornarem grandes profissionais do futebol brasileiro.
“Esse evento quebra preconceitos, combate a xenofobia e divulga a causa tão pouco conhecida pelos brasileiros. E não é somente isso. Estamos no país do futebol e temos jogadores excelentes nestes times. Quem sabe em um futuro próximo alguns deles disputem uma vaga em times profissionais. Seria maravilhoso e eles têm talento para isso”, contou Jarour, que também coordena a ONG África do Coração, entidade idealizadora do projeto.
Cada jogador que vive no Brasil tem uma história de vida diferente para contar, mas todos possuem um objetivo em comum, recomeçar suas vidas com paz e tranquilidade. Ajari Mavis, técnico do time da Nigéria, treina a equipe há quatro anos. Vivendo no Brasil há quase 15, hoje é empresário e faz sua parte para integrar os colegas na sociedade brasileira.
“Um evento como esse traz alegria aos refugiados, faz com que a gente se sinta valorizado, acolhido. O Brasil recebe muito bem os estrangeiros e por isso temos que fazer a nossa parte, mostrarmos nosso verdadeiro valor. Meus jogadores são muito competentes e vamos continuar batalhando para que eles consigam esse título e vários outros”, concluiu o treinador, que volta a campo com o time nigeriano para a grande final, no dia 24.
A Copa dos Refugiados é organizada pela ONG África do Coração, em parceria com a Cáritas Arquidiocesana de São Paulo, o escritório brasileiro do ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados), o SESC-SP, a Cruz Vermelha e as empresas Netshoes e Sodexo. O evento teve ainda o apoio da Prefeitura de São Paulo, por meio das Secretarias Municipais de Esportes e Lazer, dos Direitos Humanos e das Relações Internacionais.