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sexta-feira, novembro 22, 2024

Documentário Sons do Refúgio, do SescTV, retrata conectividade dos migrantes por meio da música

Interligando todas as histórias da produção, a música exerce um papel fundamental à medida que atua como ferramenta de expressão cultural que desconhece fronteiras e aproxima as pessoas

Por Lívia Major

“Corram pelos seus sonhos, se vocês querem ser isso, sejam. Sempre com humildade, vocês vão abrir portas e atravessar fronteiras”. É dessa forma que a boliviana Abigail Llanque define a trajetória que ela e as duas irmãs vêm percorrendo desde que chegaram ao Brasil. As três formam o grupo de rap “Santa Mala” e estão entre as personagens do documentário “Sons do Refúgio”, produzido pelo SescTV.

Com direção de Pablo Francischelli, direção musical de Beto Villares e engenharia de som de Zé Nigro, a produção foi lançada em novembro passado. Ela conta com dez episódios que retratam a vida de pessoas que migraram para o Brasil e, nesse processo, vivenciaram as diversas facetas do deslocamento: o acolhimento e as perspectivas de um futuro melhor, mas também os traumas gerados pela hostilidade e pelo preconceito.

“A história da migração é a própria história do homem, já que desde o início da humanidade o homem se movimentou por diversos lugares do planeta e, graças a isso, conhecemos a cultura tal qual ela existe hoje em dia”, lembra o diretor Pablo Francischelli. “Apesar disso, a migração muitas vezes está atrelada à xenofobia, preconceito, fronteiras fechadas. Por isso, nosso objetivo nesse projeto foi transmitir uma ideia positiva do deslocamento humano, mostrando a importância dos encontros entre diferentes culturas como produtoras de avanços culturais”, completa.

O grupo de rap boliviano Santa Mala. (Foto: Reprodução/Sons do Refúgio)

Ligados pela música

Interligando todas as histórias, a música exerce um papel fundamental à medida que atua como ferramenta de expressão cultural que desconhece fronteiras e aproxima as pessoas, rompendo barreiras de língua, de raça, de classe e de nacionalidade.

Pedro Bandera nasceu e cresceu em Cuba, onde fez graduação em música. Veio ao Brasil para continuar os estudos e, aqui, construiu uma carreira sólida, sendo um artista bastante reconhecido no meio.

“Ás vezes vem aquela pergunta ‘mas vocês não tocam Buena Vista, vocês não tocam Guantanamera?’ Não, a gente não toca”, brinca o músico. “Não é que a gente não goste, mas tem muita gente que toca isso e nós temos uma preocupação de mostrar um outro repertório”.

Hoje, Pedro e sua banda, a Batanga & Cia, buscam apresentar a música cubana ao público brasileiro fugindo dos estereótipos clássicos e, ao mesmo tempo, mostrando como os gêneros estão entrelaçados: “o que é o samba? O samba é a roda que acontecia depois da festa de candomblé. A roda de samba e a roda da rumba são as mesmas. Nascem da mesma memória ancestral”.

O músico cubano Pedro Bandera. (Foto: Divulgação)

Para Francischelli, a música é capaz de trazer essa conectividade pois cumpre uma espécie de dupla função na vida dessas pessoas.

“Por um lado, ela permite uma reconexão com o lugar de origem em uma volta ao passado e, ao mesmo tempo, permite uma abertura de caminho no novo país nos tempos presente e futuro. Por isso, acredito que o maior desafio ao longo do projeto tenha sido retratar toda essa potência que a música representa na trajetória dos personagens, ou seja, transformar esses sentimentos em imagem e som”, explica.

Os episódios são lançados sempre às quartas-feiras, às 21h, com reapresentações às quintas-feiras (10h); sextas (15h30); sábados (19h); domingos (17h) e segundas (23h). O conteúdo também está disponível em sesctv.org.br/sonsdorefugio.

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