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sexta-feira, dezembro 6, 2024

Em defesa dos Direitos Humanos, e-book gratuito propõe nova narrativa sobre migrações internacionais

Obra lançada pela editora da UFSM se soma a outras coletâneas recentes que visam refletir sobre as migrações no contexto da atual pandemia de coronavírus

Por Ramana Rech Duarte

Pensar nas migrações como um fato social total — ou seja, levando em conta a perspectiva histórica e as estruturas presentes na sociedade. É com esse objetivo que a obra “Migrações internacionais: experiências e desafios para a proteção e promoção de Direitos Humanos no Brasil” foi lançada.

A obra, disponível em formato e-book e gratuita (clique aqui para baixar), é organizada pela professora Giuliana Redin, do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Em 11 capítulos, a coletânea de textos engloba as áreas de Direito, Antropologia, Psicologia, Relações Internacionais, Letras, Ciências Sociais, Comunicação, Filosofia e Política.

A professora ressalta a importância de se evidenciar essa temática durante a pandemia do novo coronavírus (Covid-19). “Há uma tendência a reduzir ainda mais a agenda de Direitos Humanos, de se dar respostas de um estado de exceção a um estado de emergência”.

Como toda ideia de direito se dá com base em nacionalidade, são os refugiados os mais vulneráveis em uma crise de saúde global. De acordo com a Giuliana, é nos momentos em que a sociedade mais teme o desamparo e a desassistência que se intensifica a visão de imigrantes como ameaças.

Com isso, os discursos de ódio e o senso comum de que os imigrantes são os responsáveis pelas perdas de empregos e pela saturação dos serviços públicos passam a ter cada vez mais fôlego.

Capa do e-book “Migrações internacionais: experiências e desafios para a proteção e promoção de Direitos Humanos no Brasil”, lançado pela UFSM.
(Foto: Divulgação)

Uma outra narrativa

Contradizendo essas ideias, a obra traz uma outra narrativa dos imigrantes. Nela, o desamparo é fruto do sistema econômico desigual e do Poder Público ausente, e não das migrações. Assim, o livro busca dar subsídios para a formulação de políticas públicas de direitos aos imigrantes, além de reforçar a função do Estado em fornecer assistência àqueles mais fragilizados pela Covid-19.

O lançamento do livro ocorreu no dia 28 de julho pelo YouTube no canal do Migraidh (Grupo de Pesquisa, Ensino e Extensão Direitos Humanos e Mobilidade Humana Internacional) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Esse grupo de estudos, responsável ainda pela Cátedra Sérgio Vieira de Mello na universidade, tem como tripé extensão-pesquisa-ensino, do qual parte a essência da publicação.

“Só é possível avançarmos nessa perspectiva de direitos humanos pela escuta e encontro permanente com o outro, não há pesquisa sem essa escuta e vivência, não há extensão sem o conteúdo reflexivo”, comenta Giuliana.

Publicado pela editora UFSM, são trazidas com a obra as experiências teóricas-práticas do Migraidh e, também, conta com contribuições de estudiosos de outras instituições.

Outras obras recentes

Recententemente, foram lançadas outras obras — também em formato e-book e gratuitas — que intentam refletir sobre a posição do migrantes no mundo, especialmente considerando o atual momento de pandemia.

Uma delas é “Migrações em expansão no mundo em crise(baixe aqui). Organizada por Dulce Maria Tourinho Baptista e Luís Felipe Aires Magalhães, foi viabilizada por edital de financiamento da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

A publicação foi pela editora EDUC. Seus principais temas são interculturalidade, gênero, dominação, xenofobia e deslocamentos internos, distribuídos por 11 capítulos e 22 autores.

Capa de “Migrações em expansão no mundo em crise”.
(Foto: Divulgação)

Outra produção de temática semelhante é o “Migrações internacionais e a pandemia de Covid-19” (baixe aqui o seu). Seu objetivo principal é compreender as mudanças nas configurações das migrações internacionais que o Coronavírus já provocou. A obra foi lançada no dia de 31 de julho deste ano pelo Observatório das Migrações de São Paulo e pelo Núcleo de Estudos Populacionais Elza Berquó (NEPO) da Unicamp.

Foram 67 textos em 638 páginas que, além de trabalhos acadêmicos, trazem ainda relatos sobre a pandemia dos próprios imigrantes.

Capa do livro “Migrações internacionais e a pandemia de Covid-19”.
(Foto: Divulgação)

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