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sexta-feira, novembro 22, 2024

Formatura de curso de empreendedorismo para imigrantes vai além da entrega de certificados

Formatura do Tecendo Sonhos, curso organizado em São Paulo pela Aliança Empreendedora e focado no público empreendedor migrante, uniu aprendizado, momentos de interação cultural e muita emoção

Por Antonella Pulcinelli
De São Paulo (SP)

Após 11 encontros, muitos desafios e muitas vitórias, chegou o dia da formatura da quinta edição do curso Tecendo Sonhos. O evento ocorreu no último dia 3 de junho, no prédio da Ação Educativa, na região central de São Paulo, e contou com atividades durante todo o dia.

Após a abertura do evento os empreendedores fizeram a apresentação de seus trabalhos (os chamados pitches), e as melhores foram premiadas com um cheque simbólico com o valor a partir de R$ 250, pago pela Aliança Empreendedora em forma de melhorias na empresa do migrante empreendedor.

Ao todo, 56 imigrantes se formaram nessa edição, todos de países latino-americanos. Os empreendedores receberam orientações de mentores voluntários que se colocaram a disposição para tirar dúvidas de formalização da empresa, como fazer empréstimos e financiamentos, formas de precificação de produtos entre outros.

Grupos de mentoria, compostos por voluntários, apoiam os migrantes que se formam no curso.
Crédito: Antonella Pulcinelli

“Eu trabalho com contabilidade, sempre gosto e gostei dessa questão de trabalho voluntário, no ano passado participei de uma oficina de costura para auxiliar os imigrantes que estão em São Paulo, é interessante a gente acolher eles porque eles fazem parte da economia, falando em questão de economia global, então nada melhor que os imigrantes que vem ao Brasil tenham acesso a informação, a formalização e entrar na economia formal, eu acho que com isso todo mundo ganha”, afirmou o mentor Marcelo Arakelian, que pela segunda vez presta atendimento voluntário aos empreendedores do curso Tecendo Sonhos.

A entrega dos certificados começou às 15h30 e foi um momento de muita emoção tanto para os empreendedores quanto para os facilitadores que dedicaram seus finais de semana voluntariamente para ensinar.

Voltado para imigrantes donos de oficinas de costura, curso Tecendo Sonhos capacitou mais uma turma de empreendedores.
Crédito: Antonella Pulcinelli

“Eu gostaria de agradecer a todos que dedicaram seu tempo para nos ensinar, foi um grande desafio mas vocês estiveram com a gente e só tenho a agradecer”, declarou o empreendedor boliviano Carlos Canaza Cuba, da turma de Ermelino Matarazzo, após a entrega dos certificados.

O curso é aplicado em diferentes regiões de São Paulo, com a ajuda das chamadas organizações aliadas. Em Ermelino Matarazzo, por exemplo, a instituição parceira foi a ONG Presença da América Latina (PAL). Também atuaram como aliadas no Tecendo Sonhos o coletivo Si, Yo Puedo e o Centro de Apoio e Pastoral do Migrante (CAMI).

Para encerrar o evento, o grupo de dança folclórica boliviana Tinkus San Simon fez uma apresentação repleta de alegria; em em seguida, o grupo de rap Santa Mala, formado por três irmãs bolivianas, levou palavras de força e coragem para todos os presentes.

Ainda não há confirmação da abertura de novas turmas do Tecendo Sonhos para o próximo semestre.

Grupo boliviano Tinkus San Simón foi uma das atrações culturais da formatura.
Crédito: Antonella Pulcinelli

O que é o Tecendo Sonhos?

Voltado para imigrantes donos de oficinas de costura, o curso Tecendo Sonhos é organizado pela Aliança Empreendedora, empresa que apoia empresas e organizações sociais com o objetivo de desenvolver modelos de negócios inclusivos e apoio a microempreendedores de baixa renda.

O curso, que acontece desde 2014, ensina desde a formalização da empresa até a precificação dos produtos que serão vendidos. A ideia foi desenvolvida após ter sido identificada a necessidade de trabalhar a questão do trabalho mais justo. E dentro da cadeia da moda existe uma questão muito forte de trabalho indigno principalmente com imigrantes, já que muitos não conhecem as leis do Brasil e nem sabem quais são seus direitos.

De acordo com a coordenadora de projetos da Aliança Empreendedora, Tatiana Rogovschi Garcia, a intenção não é que o empreendedor aprenda apenas as questões de gestão. “Nós começamos a trabalhar com eles não só o empreendedorismo, mas também o quanto eles conhecem das regras brasileiras que falam de trabalho análogo ao escravo, de trabalho digno, pra ver o quanto eles conseguiriam aplicar dentro do seu negócio”, afirma.

Este material é parte de uma parceria entre o MigraMundo e a ONG Presença da América Latina (PAL), com noticiário relacionado às comunidades latino-americanas no Brasil

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