Manifestantes colocaram cartazes em repúdio ao leilão de escravos no norte do continente africano em frente ao Consulado Geral da Itália
Por Samantha Neves
Em São Paulo (SP)
Um grupo de manifestantes do movimento negro de São Paulo e imigrantes africanos protestaram em frente ao Consulado Geral da Itália, na Avenida Paulista, na tarde de sexta-feira (18). É o segundo ato do tipo já promovido na capital paulista e contou com a produção de cartazes reivindicando do governo italiano medidas para cessar o tráfico de pessoas.
A ocorrência do leilão de escravos na Líbia veio a conhecimento público em 15 novembro de 2017, quando a emissora de TV CNN divulgou um vídeo que mostrava imigrantes africanos sendo vendidos como mercadorias por quantias que chegavam a R$ 1,5 mil.
De acordo com a matéria da revista Vice, um acordo firmado entre a Itália e a Líbia garantia a redução da chegada de imigrantes no continente europeu. O governo italiano pagaria US$ 236 milhões ao governo da Líbia para financiar e treinar a Guarda Costeira local. Assim, quando barcos que transportam os imigrantes africanos são avistados pela marinha italiana, esta aciona a Guarda Costeira da Líbia que faz o resgate destes tripulantes e os manda de volta para o norte do continente africano. Como resultado deste acordo, o número de migrantes que conseguem chegar no continente europeu reduziu, o que consequentemente contribuiu para um crescente volume de imigrantes na Líbia.
Os africanos “resgatados” são mandados para centros de detenção de imigrantes irregulares que estão lotados e em condições precárias, conforme mostrado no vídeo da CNN. Sem dinheiro, estes imigrantes acabam se tornando vítimas e mercadoria no tráfico de seres humanos.