O Brasil tem nos Estados Unidos sua maior comunidade migrante fora do país, com cerca de 2 milhões de pessoas, segundo estimativas mais recentes do Ministério das Relações Exteriores. Desses, por volta de 103 mil possuem direito a voto nas eleições estadunidenses por terem dupla cidadania. E como esses brasileiros tem se posicionado em relação à atual eleição presidencial?
Uma pesquisa feita pelo Instituto Ideia traz algumas pistas desse comportamento. A entidade começou em 2016 a analisar a intenção de voto de brasileiros com dupla cidadania nos EUA.
Nas últimas três eleições, a preferência foi por candidatos democratas (Hillary Clinton em 2016, Joe Biden em 2020 e Kamala Harris neste ano), mas com os republicanos – sendo Donald Trump o postulante nos três pleitos – ganhando terreno pouco a pouco.
Segundo pesquisa do Ideia realizada entre 6 e 12 de outubro com 802 brasileiros, 60% deles disseram que votariam em Harris, contra 35% em Trump. Outros 2% escolheram outros candidatos, e 3% se indicaram como indecisos.
Pesquisas anteriores do Ideia, no entanto, mostram um avanço da preferência por Trump na comparação com eleições anteriores. Em 2020, por exemplo, 27% desse eleitorado disse optar pelo republicano e 71% escolheu Joe Biden, que acabou eleito. Em 2016, quando Trump ganhou, a preferência junto aos brasileiros nos EUA não chegava a 10% e ficava próxima de 80% para Hillary Clinton.
“Nos três ciclos eleitorais, Trump avançou no percentual de brasileiros dizendo que iam votar nele. Desde 2016 ele praticamente dobrou sua intenção nesse grupo. O segundo ponto da pesquisa é a sensação desse grupo: em 2016 os brasileiros disseram que ele ia ganhar, em 2020 apontaram Biden como vencedor, e agora indicam que Kamala será eleita”, afirma Mauricio Moura, fundador do Ideia.
Os eleitores brasileiros com direito a voto nos Estados Unidos estão especialmente em quatro Estados: Massachusetts, Nova York, Nova Jersey e Flórida. Esses estados já possuem uma tendência indicada para essa eleição, ao passo que o debate tem sido centrado nos chamados “Swing States”, que oscilam na preferência entre candidatos democratas e republicanos em pleitos eleitorais, como Pensilvânia e Michigan.
Voto imigrante mais conservador, incluindo o brasileiro
Mas por que um candidato como Donald Trump, que tem no rechaço à migração como uma de suas maiores bandeiras, vem ganhando terreno junto a brasileiros com direito a voto nos Estados Unidos?
Moura observa que esse comportamento é também verificado junto a eleitores de origem hispânica, incluindo filhos e netos. E que a perseguição a imigrantes indocumentados defendida por Trump gera pouco ou nenhum efeito sobre imigrantes e descendentes diretos que já contam com a cidadania estadunidense.
Aqueles que chegam aos Estados Unidos de forma indocumentada, por sua vez, são vistos de forma negativa por ao menos parte dos imigrantes e descendentes diretos que já se encontram mais integrados à sociedade estadunidense e que obtiveram cidadania e direito a voto.
Além disso, segundo Moura, os brasileiros que votam nos Estados Unidos direcionam sua preferência eleitoral pensando mais no país em que vivem. Ou seja, a preocupação sobre como este ou aquele candidato a presidente dos Estados Unidos vai se relacionar com o Brasil não costuma pesar na escolha.
Com informações de BBC News Brasil e Deutsche Welle
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