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quinta-feira, novembro 21, 2024

No centro de São Paulo, ato lembra que “pessoas não são mercadorias”

Ação faz parte da Semana Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas; migrantes estão entre as vítimas desse crime

Por Rodrigo Borges Delfim
Em São Paulo (SP)

O Pátio do Colégio, no coração de São Paulo, teve uma movimentação diferente na manhã desta segunda-feira (30). Aproveitando o Dia Mundial de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, lembrado sempre em 30 de julho, uma ação foi organizada pela Secretaria Estadual de Justiça para a abertura da Semana Nacional de Enfrentamento a essa temática.

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O evento foi aberto por uma breve e improvisada solenidade, que contou com a presença do secretário de Justiça, Márcio Elias Rosa, e do governador Márcio França. Ao longo da manhã, organizações que atuam na prevenção e combate ao tráfico de pessoas junto a diversos públicos e setores da sociedade montaram estandes em frente ao prédio da secretaria e distribuíram material de apoio.

Desta vez, o evento organizado pela Secretaria de Justiça foi do lado de fora do prédio. Divulgação ficou limitada devido à nova legislação eleitoral.
Crédito: Rodrigo Borges Delfim/MigraMundo

“O objetivo é abrir a secretaria para que as pessoas a conheçam e não tenham essa barreira institucional. E como nós tinhamos esse evento, definiu-se que a abertura da semana seria no pátio do colégio”, disse Izilda Alves, responsável pelo Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas da Secretaria de Justiça.

De acordo com dados da ONU citados pela Secretaria de Justiça, o Brasil registra 3 mil novos casos de tráfico de pessoas por ano. No total, segundo a secretaria, são cerca de 360 mil vítimas de tráfico humano no Brasil. Ainda segundo a ONU, um terço das vítimas de tráfico de pessoas é formado por menores de idade. As mulheres e meninas representam 71% dos indivíduos que caem nas mãos de traficantes e redes criminosas.

Entidades montaram estandes para conscientização sobre tráfico de pessoas.
Crédito: Rodrigo Borges Delfim/MigraMundo

A divulgação do evento ficou limitada pela nova legislação eleitoral. que proíbe a divulgação de atos ou serviços de órgãos públicos, como a Secretaria de Justiça. Para tentar driblar essa barreira, as próprias ONGs participantes ficaram responsáveis por divulgar o ato em suas redes.

Ação em rede e temas interligados

Os migrantes também estão entre os alvos do tráfico humano. O CAMI (Centro de Apoio e Pastoral do Migrante), cujo trabalho foca a prevenção e o combate a esse tipo de crime, foi uma das entidades que participaram da ação. Para a assistente social da instituição, Carla Aguilar, o fato de o evento ser no meio da praça, e não dentro do prédio da Secretaria de Justiça, possibilita levar informação e conscientização a um público maior.

“Isso ajuda a mostrar que o tráfico de pessoas existe, que é um crime grave e hediondo, e estamos aqui para fazer prevenção e para combater esse tipo de crime”. Ela crê ainda que a ação em rede entre as diferentes entidades é uma das saídas para fortalecimento mútuo e para um melhor amparo às vítimas. “Aos poucos, vamos nos organizando. Esse tipo de trabalho vai unindo e dando mais força para combate e prevenção a esse tipo de crime”.

Estande do CAMI durante o ato de mobilização contra o tráfico humano, em São Paulo.
Crédito: Rodrigo Borges Delfim/MigraMundo

O combate ao tráfico humano costuma ser usado por determinados governos como motivo para restrições cada vez maiores aos fluxos migratórios. Para Izilda, que também integra comitês que lidam com trabalho escravo e refugiados na Secretaria de Justiça, os temas estão interligados e precisam ser discutidos dessa forma.

“Os três temas estão unidos. Estamos vivendo um período no mundo de muitas dificuldades econômicas. E de onde vem o tráfico? Do encantamento que traficantes jogam em populações vulneráveis”.

O Coração Azul

Tanto no Brasil como no exterior a campanha de combate ao tráfico humano é simbolizada por um coração azul. De acordo com a ONU, ela reflete a tristeza das vítimas e insensibilidade daqueles que compram e vendem outros seres humanos. Também mostra o compromisso da ONU – cuja cor oficial é o azul – com a luta contra esse crime, que transforma pessoas em mercadoria e representa uma grave violação dos direitos humanos.

Coração Azul foi o símbolo escolhido pela ONU para o combate ao tráfico humano.
Crédito: Divulgação

Em mensagem especial para a data, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, afirmou que o tráfico de pessoas é um “crime desprezível que se alimenta de desigualdades, instabilidade e conflitos. ” “Estamos falando de exploração sexual brutal, incluindo prostituição involuntária, casamento forçado e escravidão sexual.

“Os direitos das vítimas devem vir em primeiro lugar – sejam elas vítimas de traficantes, contrabandistas ou de formas modernas de escravidão ou exploração”.

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