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domingo, dezembro 22, 2024

O desafio de ser mulher, negra, migrante e mãe no Brasil

Em texto especial para o MigraMundo sobre o 8 de Março, a ativista venezuelana Ani Castrellón Castillo, radicada no Brasil, fala sobre o que a motiva como mulher e migrante a se manter na luta por igualdade

Por Ani Castrellón Castillo*

Lutar pelos direitos de nós mulheres imigrantes virou uma chave muito importante na minha vida no Brasil. Se converteu em uma grande necessidade de abrir novos espaços de expressão e convivência em um mundo que está atravessando grandes deslocamentos de pessoas, seja por ditaduras, guerras ou crises climáticas.

Esse trabalho de visibilização das nossas comunidades me trouxe muito aprendizado. Um deles é a importância colocarmos em um lugar mais responsável na sociedade, com o nosso planeta e com as pessoas e comunidades mais vulnerabilizadas. É impossível fechar os olhos ante tantas realidades gritantes.

O mais importante de meu processo como mãe e mulher migrante venezuelana e com o nascimento da organização Sawubona Project é enxergar ao outro como humano e dar o valor que ele merece.

Parece simples, mas é um exercício que deve ser feito diariamente, sem importar cor de pele, raça, nacionalidade, identidade sexual ou religião.

O desafio maior

Caminhar pelo Brasil levantando a bandeira da igualdade – sendo mulher negra, venezuelana e mãe, além de ter um olhar de jornalista e uma sensibilidade muito grande pela cultura -ée muito complexo, ante tantas causas que defender. Às vezes eu até fico sem forças, sem ar, com muitas angústias e fortes críticas. Mas o que me movimenta a seguir todos os dias são as mudanças que já tivemos e as que estamos a ponto de conquistar.

Por isso estou muito confiante e contente com a participação obtida pelas comunidades imigrantes na preparação da Conferência Nacional de Migrações (Comigrar): são ao todo 132 conferências na etapa preparatória e sou testemunha da grande mobilização de migrantes para alcançar importantes debates que vão mudar nossas vidas no Brasil e mudar a atual Lei de Migração.

Agradeço muito ao universo pela oportunidade de ser parte desse processo e de garantir um espaço melhor para nós e para os nossos filhos.

Sobre a autora

Ani Castrellón Castillo é jornalista, produtora cultural e mãe venezuelana, idealizadora da Sawubona Project (@eu.sawubona no Instagram), uma organização que trabalha pela inclusão e o acolhimento das comunidades imigrantes, através da cultura e das artes. Vive atualmente em Florianópolis (SC)

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