A ONG África do Coração, formada basicamente por imigrantes e refugiados, uniu forças com a Embaixada de Bangladesh no Brasil e distribuiu um total de 1.500 cestas básicas para famílias de imigrantes que vivem dificuldades em razão da pandemia de coronavírus.
A ação, que teve como foco imigrantes bengalis, também beneficiou pessoas de outras nacionalidades e atingiu cidades de três Estados brasileiros: São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul.
Bengalis no Brasil
Segundo relatório do Ministério da Justiça e Segurança Pública, em 2018, as solicitações de bengalis para o reconhecimento do status de refugiado representavam 3% do total de todos os pedidos em trâmite no Comitê Nacional para os Refugiados (Conare). Trata-se de uma imigração recente, mas significativa. Em 2011, houve pela primeira vez registro de solicitações de refúgio de bengalis no país, num total de 74; em 2012, foram 280, em 2013, 1830.
Em 2014, a Polícia Federal registou o maior de entrada de bengalis no Brasil até então, possivelmente em razão das eleições do final de 2013 no seu país, que produziu muitos conflitos e, consequentemente, emigrações.
O sul do Brasil desde o começo recebeu boa parte desses imigrantes. Parte disso se deve ao fato da região ter grandes redes frigoríficas que exercem a atividade de abate Halal, na qual animais são mortos para consumo de acordo com a lei islâmica. Como cerca de 85% da população de Bangladesh segue o Islã, muitos puderam ser empregados nessas empresas, o que não aconteceria em frigoríficos convencionais.
Cientes da vulnerabilidade que os imigrantes e refugiados estão sujeitos, principalmente, em tempos de pandemia e crise econômica, a Embaixada de Bangladesh no Brasil propôs uma pareceria com a ONG África do Coração, fundada e composta por imigrantes e refugiados.
A maior parte das cestas foi encaminhada para residentes do estado paulista, enquanto as demais foram para três cidades paranaenses – Jaguapitã, Londrina, Rolândia – e quatro gaúchas – Passo Fundo, Nova Araçá, Lajeado e Montenegro. No total foram 500 famílias apoiadas nos dois estados.
“Agradeço muito a Embaixada de Bangladesh e o governo do país. Não só aqui no Brasil, mas outros países nos quais há representação diplomática o governo ajudou”, ressaltou o bengali Khairul Islam, que ajudou a fazer a ponte entre as instituições.
Planejamento de ações
A ONG, que vem realizando campanhas solidárias desde o começo da pandemia, conta com equipes no Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Brasília, São Paulo que ajudam na captação de recursos e na distribuição do que for arrecadado.
Para conseguirem mapear onde estão os refugiados e imigrantes que precisam de ajuda com alimentos, a organização criou um formulário online.
A ideia é que as cidades que têm 50 ou mais residentes inscritos no formulário recebam uma visita de algum representante com as doações.
“Estamos planejado via nossa campanha distribuir para o Distrito Federal, Santa Catarina e Rio de Janeiro até final deste mês de maio”, disse o congolês Jean Katumba Mulondayi, presidente e fundador da organização. “É um trabalho de formiga, mas é assim que a gente faz”.
“Estamos fazendo tudo o que podemos, estamos lutando”, completa Khairul.
Como colaborar
Para maiores informações e sobre como colaborar com as ações, contatos podem ser feitos pelo email [email protected] ou WhatsApp (11) 96737-8710.
Contribuições em dinheiro podem ser feitas via depósito ou transferência bancária para os dados abaixo
Africa do Coração
Banco Bradesco S.A
Agência: 0515
Conta: 0005122-5
CNPJ: 25.224.617/0001-11
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