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segunda-feira, setembro 16, 2024

Paternidade e Mobilidade Global: Um Paralelo

Ao mudar de país, alguns temas são centrais - algumas competências e ações que são necessárias para todo o processo de adaptação podem ser emprestadas da ou inspiradas na paternidade

Por Danyel Andre Margarido*

O recém-terminado mês de agosto é regado por significados e celebrações. Pode ser o Mês do Cachorro Louco, o Mês da Juventude, o Mês dos Ventos, Mês das colheitas, Mês do Desgosto, Mês das Noivas… E é conhecido por ser o Mês dos Pais.

A celebração pode até ser só brasileira, mas é um rico paralelo com as movimentações de profissionais pelo mundo.

Antes de falar da relação, quase que imperceptível, entre a paternidade e Global Mobility, é necessário endereçar um ponto comum nos processos de mobilidade que se perpetua há certo tempo. O homem é mais expatriado que a mulher. Além de não fazer sentido para os dias de hoje, comparando o aumento do número de mulheres em cargos de liderança versus o número de expatriados enviados pelas empresas, ainda é mais comum enviar para um assignment um homem do que uma mulher. Isso levanta uma reflexão sobre como as expectativas de gênero ainda influenciam as decisões de mobilidade global. A paternidade, em muitas culturas, é vista como uma responsabilidade que o homem pode carregar com ele, enquanto a maternidade muitas vezes ancora a mulher à sua localidade original.

Quando um homem, e, neste caso, um pai é expatriado, ele carrega consigo não só a responsabilidade profissional, mas também o papel de cuidar e guiar sua família em um novo ambiente. Esse papel exige uma mistura de resiliência, empatia e liderança – características que não são exclusivas de um gênero, mas essenciais para qualquer expatriado, independente de ser pai ou mãe. As habilidades que cultivamos como pais, como a paciência e a capacidade de lidar com o inesperado, são as mesmas que nos preparam para o sucesso em um assignment.

Qual o paralelo?

Ao mudar de país, alguns temas são centrais – algumas competências e ações que são necessárias para todo o processo de adaptação podem ser emprestadas da ou inspiradas na paternidade. Não é necessário ser um pai de muitos filhos para que, somente assim, tenha acesso a essas características. É possível ver exemplos e adaptar o que for possível à sua jornada.

Uma das primeiras características da paternidade é a Responsabilidade e Tomada de Decisão, no assumir a responsabilidade pela família e pelos filhos, tomada de decisões críticas sobre as pessoas sob a sua responsabilidade – e isso é traduzido também na expatriação, e não necessariamente está sob a posição do homem. Em um movimento para o desconhecido, a responsabilidade pelo bem-estar de todos os envolvidos está… em todos os envolvidos. Uma mãe expatriada tem que decidir qual escola seus filhos estudarão no novo país, há a responsabilidade sobre os estudos dos filhos, há de se tomar a decisão de onde estudar, considerando toda a adaptação da criança.

Além da responsabilidade, há o Cuidado e Proteção, que é essencial tanto na paternidade quanto na expatriação. Imagine um cônjuge que, ao mudar para um novo país, precisa garantir que a família esteja segura em um ambiente desconhecido. Isso pode incluir a escolha de um bairro seguro, a compreensão do sistema de saúde local e a preparação para emergências. O cuidado vai além do físico; é emocional e mental, proporcionando uma sensação de segurança e estabilidade em um ambiente desconhecido.

A expatriação, assim como a paternidade, exige uma grande dose de Flexibilidade e Adaptação. Um adolescente que se muda para um novo país e precisa se ajustar a uma nova escola, língua e grupo social exemplifica essa necessidade. Da mesma forma, o expatriado deve se adaptar a um novo ambiente de trabalho, normas culturais diferentes e, muitas vezes, a uma nova língua. Essa habilidade de se ajustar e encontrar maneiras de prosperar em novos ambientes é essencial para ambos os papéis.

A orientação e o ensino também são centrais. Assim como um pai orienta e ensina seus filhos, expatriados muitas vezes se tornam mentores em seus novos ambientes. Eles compartilham conhecimentos culturais e aprendem com os outros, criando um fluxo de troca que enriquece ambas as partes. Um expatriado que ensina seus filhos a respeitar as normas culturais do novo país ou que orienta colegas locais sobre práticas do país de origem exemplifica essa característica.

Na expatriação, a empatia e a compreensão são fundamentais. Um cônjuge expatriado pode precisar apoiar emocionalmente seu parceiro que enfrenta pressões no trabalho em um novo ambiente cultural. Demonstrar empatia e compreensão pode ser a chave para manter a harmonia familiar e garantir que todos se sintam apoiados durante a transição.

Outros dois pontos cruciais são disciplina e limites. Um pai que estabelece uma rotina para seus filhos em um novo país, assegurando horários consistentes para estudo, lazer e descanso, está criando uma estrutura que ajuda na adaptação. Da mesma forma, expatriados devem manter disciplina em suas próprias rotinas para se ajustar ao novo ambiente e alcançar suas metas pessoais e profissionais.

A paciência e a resiliência, por sua vez, são vitais para qualquer expatriado. Um exemplo é um cônjuge que tenta se reintegrar ao mercado de trabalho em um novo país, enfrentando desafios como barreiras linguísticas ou a necessidade de revalidar credenciais. Manter a paciência e resiliência é crucial para enfrentar essas dificuldades e encontrar sucesso a longo prazo.

O sacrifício e as prioridades também fazem parte da vida de um expatriado. Muitas vezes, é necessário sacrificar o conforto e as rotinas estabelecidas para abraçar novas oportunidades. Um expatriado que prioriza o bem-estar da família durante os primeiros meses em um novo país demonstra essa habilidade, que é igualmente importante na paternidade.

Finalmente, a estabilidade e a segurança são fundamentais para garantir que a família se sinta segura em um novo ambiente. Um membro da família que assume o controle das finanças durante a expatriação, garantindo que o orçamento esteja em ordem e que haja recursos para imprevistos, desempenha um papel vital na manutenção da estabilidade da família.

Para concluir

Exapatriados podem ser pais ou não. Podem ou não ser líderes. Podem ser tanto, e podem ainda não ter chegado “lá”. E por isso se inspirar em boas características pode ajudar em um momento de incerteza, como a expatriação.

Estar fora da sua zona de conforto, te coloca em uma posição de alerta e pode afetar a saúde mental dos participantes – assim, poder adaptar experiências, pontos de vista, características que têm a idéia de proteção, provisão e cuidado pode ajudar a todos os envolvidos.

Sobre o autor

Danyel Andre Margarido possui mais de dez anos de experiência em Mobilidade Global e Expatriados, atuando como consultor de Global Mobility na EMDOC, e fundador da Altiore Experience. Atualmente no setor de Global Mobility da Suzano, já realizou a movimentação de mais de 2.000 famílias pelo mundo. É formado em Relações Internacionais pela UniFMU, com especialização em Direito Internacional pela Escola Paulista de Direito. Tem MBA em Recursos Humanos, pela Anhembi Morumbi, e um mestrado profissional em Recursos Humanos Internacionais, pela Rome Business School.

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