O time de pessoas engajadas em torno da temática migratória perdeu uma importante representante na noite de terça-feira (22). Telma Lage, coordenadora do Centro de Migrações e Direitos Humanos da Diocese de Roraima, morreu aos 49 anos em razão de complicações geradas pela Covid-19.
De acordo com o portal G1 RR, a missionária foi internada na última sexta-feira (19) no Hospital Geral de Roraima, em Boa Vista, com o agravamento da infecção pelo vírus. Ela havia testado positivo para o vírus em 13 de junho e estava fazendo tratamento com isolamento e medicamentos.
“Telma foi e fez por nós, pelo testemunho profético de amor a Cristo vivido em favor dos mais pobres e humilhados”, informou a Diocese de Roraima no comunicado oficial da morte da missionária.
Formada em Direito e religiosa da Congregação das Missionárias de Nossa Senhora das Dores, Irmã Telma atuava na Diocese de Roraima desde 2013. Era conhecida pelos trabalhos humanitários realizados com migrantes venezuelanos e haitianos no estado. Também chamava a atenção pelo bom humor e otimismo, mesmo diante de situações adversas.
Ela foi sepultada na manhã desta quarta-feira (23), no Cemitério Nsa. Sra. da Conceição. Antes, o carro funerário passou em cortejo pelas comunidades Santa Terezinha, Santa Edwiges e outras da Área Missionária São Raimundo Nonato, onde atuava.
Homenagens
A religiosa foi alvo de uma série de homenagens ao longo do dia, tanto de colegas de atuação como de instituições públicas e do terceiro setor ligadas aos direitos humanos, que destacaram o legado deixado por Irmã Telma.
“O país perde uma grande defensora dos direitos humanos. Seu legado permanecerá e seguirá nos inspirando”, declarou o Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) em nota.
“Apesar de ter partido com apenas 49 anos, a história da missionária será lembrada não apenas pelas pessoas que obtiveram seu auxílio, mas também pelos órgãos que com ela interagiam em defesa dos direitos humanos”, registrou também a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC), órgão do Ministério Público Federal (MPF).
A Conectas Direitos Humanos destacou a visão de mundo e a postura acolhedoras da religiosa. “A mesma voz combativa diante das injustiças, transmitia palavras de conforto e otimismo ao seu redor. Seu sorriso largo e abraço apertado farão tanta falta quanto sua visão de um mundo mais acolhedor. Sem dúvida, o movimento de direitos humanos perde uma de suas mais aguerridas defensoras, mas seu exemplo permanecerá como legado”.
Diretora de programas da Conectas, Camila Asano recordou um episódio vivido com a religiosa. “Irmã Telma me deu um cestinho feito por migrantes indígenas venezuelanos e disse ‘coloquei ai dentro um monte de desejos de coisas boas para você, Camila, e tampei’. Quando soube de sua partida, arranquei a tampa, quis compartilhar com a vida todo esse bem que Telma tanto emanava”, disse por meio do Twitter.
“A luta, o amor e a dedicação de Irmã Telma Lage à causa humanitária são inspiração para muitos, e seu trabalho se torna um legado a todos que buscam construir uma sociedade solidária e baseada na justiça social”, ressaltou a ONG Médicos Sem Fronteiras.
Também homenagearam a religiosa instituições como a Cáritas Arquidiocesana de São Paulo, Missão Paz, entre outras entidades.
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