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sábado, junho 14, 2025

Restrições em vistos para estudantes e até autoridades, os novos alvos da política migratória de Trump nos EUA

Atual gestão à frente da Casa Branca atua sob o pretexto de combater o antissemitismo e sentimentos antiamericanos

Além da migração indocumentada, o governo de Donald Trump nos Estados Unidos têm voltado sua política migratória cada vez mais rígida e intolerante também para pessoas que chegam pelas vias regulares. Os alvos da vez são estudantes e autoridades, especialmente aqueles que de alguma forma expressam críticas à gestão que atualmente ocupa a Casa Branca.

O objetivo declarado é de “saber exatamente” quem são aqueles que entram de uma forma ou de outra no território estadunidense, sob o pretexto de combater o antissemitismo e sentimentos “antiamericanos”.

Em comunicado dirigido às representações dos Estados Unidos no exterior, o Secretário de Estado, Marco Rubio, ordenou a suspensão do agendamento de novas entrevistas para vistos de estudantes e alunos de intercâmbio. Ao mesmo tempo, o Departamento de Estado se prepara para ampliar a checagem de redes sociais desses candidatos.

“O Departamento está conduzindo uma revisão das operações e processos atuais de triagem e verificação de candidatos aos vistos de estudante e intercâmbio (F, M, J), e com base nessa revisão, planeja emitir diretrizes sobre a ampliação da checagem de redes sociais de todos esses candidatos”, afirma o documento, divulgado inicialmente pelo site Politico.

Sem comentar o conteúdo do memorando, a porta-voz do Departamento, Tammy Bruce, admitiu em entrevista coletiva que os Estamos Unidos usarão “todas as ferramentas possíveis para avaliar quem está vindo, seja estudante ou não”.

Em especial em relação aos chineses, o governo Trump foi ainda mais incisivo, ao anunciar que “vai revogar agressivamente os vistos para estudantes do país asiático e grande rival geopolítico de Washington no momento. Segundo o Secretário de Estado, os alvos são alunos que possuem ligação com o Partido Comunista Chinês e aqueles que estudam em “áreas críticas”, sem uma clareza do que a atual administração classifica como tal.

Ataques contra universidades

As medidas se somam a outras ações que Trump vem empreendendo tanto no aperto às restrições à chegada de pessoas de outros países nos Estados Unidos quanto no ataque que vem promovendo contra universidades. O atual ocupante da Casa Branca acusa algumas das principais instituições de ensino superior do país de abrigarem “lunáticos” e pessoas que atentam contra a segurança nacional.

Harvard, Princeton e Columbia estão entre as instituições consideradas de elite que entraram na alça de mira de Trump, que defende monitoramento ideológico das universidades.

O embate mais pesado vem sendo feito contra a Universidade Harvard, que chegou a ser proibida de matricular estudantes internacionais. A instituição fundada em 1636 – ou seja, mais de um século antes da independência dos Estados Unidos (1776) – resolveu enfrentar o governo Trump e se recusou a atender seus pedidos de encerrar programas de diversidade. Em represália, foram cortados cerca de US$ 3 bilhões (US$ 17 bilhões) em recursos federais para a instituição, além da proibição quanto aos alunos. O presidente exige, entre outras coisas, que Harvard entregue uma lista de todos seus estudantes estrangeiros, incluindo eventual atividade política e participação em protestos pró-Palestina.

Há cerca de 6.800 estudantes internacionais em Harvard, representando mais de 27% das matrículas deste ano. De acordo com dados da universidade, a nacionalidade estrangeira mais presente entre os estudantes é a chinesa (1.282), seguida pela canadense (555), indiana (467), sul-coreana (252) e britânica (242). Ainda segundo a instituição, 123 brasileiros estão matriculados em Harvard.

Ao menos por enquanto, uma decisão da juíza federal Allison Burroughs, de Boston, bloqueia o plano do governo Trump de revogar a permissão da Universidade Harvard para matricular estudantes internacionais. A medida atendeu a uma apelação da própria instituição.

“Sem seus estudantes internacionais, Harvard não é Harvard”, disse a instituição, que tem 389 anos. “Com um golpe de caneta, o governo tentou apagar um quarto do corpo estudantil de Harvard — estudantes que contribuem significativamente para a universidade e sua missão.”

A política trumpista, que já gerava medo entre migrantes sem documentos, agora também causa o mesmo efeito sobre os estudantes internacionais. Reportagem publicada na quarta-feira (28) pelo portal g1 com graduandos e pós-graduandos brasileiros aponta que muitos deles já deixaram ou mesmo deletaram redes sociais, abandonaram grupos de WhatsApp e até mesmo evitam viagens de vista à família no Brasil. A maioria tem optado pelo silêncio ou fala somente na condição de anonimato.

Autoridades na mira

Trump também quer rever o acesso aos Estados Unidos de pessoas que o governo avaliar como responsáveis por censurar empresas ou cidadãos americanos, assim como residentes no país – incluindo autoridades.

A medida é vista como uma forma de proteger empresas de tecnologia de regulamentações como as debatidas na Europa, que a gestão Trump vê como censura. No Brasil, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, é visto como um potencial alvo dessa ação, que em 2024 travou um embate com Elon Musk, dono do X (antigo Twitter) e que recentemente integrou a gestão Trump. O embate chegou a levar à suspensão da plataforma no Brasil até que ela indicasse um representante legal no país.

Questionado sobre essa medida de Washington durante uma audiência no Senado, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, evitou entrar em polêmicas e disse que a concessão de vistos é uma decisão soberana de cada país.

“Isso diz respeito a vistos para pessoas. A política de visto é de cada Estado e o Estado toma a decisão de conceder ou de não conceder. São inúmeros casos conhecidos de brasileiros que pedem visto comum de turista e são negados. É uma decisão do país, soberana de cada país conceder ou negar, e não tem que dar explicação”.

Por outro lado, o chanceler afirmou que há uma diferença entre vistos comuns e permissões de viagem especiais para determinadas reuniões em organismos internacionais. Nesse caso, segundo ele, o país-sede da organização teria obrigação em conceder o visto.


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