Por Lya Maeda e Gustavo Pereira
Neste domingo (7) foi realizada a 8ª Marcha dos Imigrantes na cidade de São Paulo. Com concentração marcada para as 9h na Praça da República com a Barão de Itapetininga, a marcha reuniu cerca de 300 participantes que pleiteavam o fim da violência contra a população migrante. O evento foi organizado pelo Centro de Apoio e Pastoral do Migrante (CAMI).
A tradicional rota da marcha foi invertida este ano. Saindo da República, ela passou pela Avenida São Luís, atravessou o Viaduto Nove de Julho, seguindo pelos viadutos Jacareí e Dona Paulina e terminando na Catedral da Sé. Com três paradas no trajeto, uma na frente da Biblioteca Mário de Andrade e duas já tradicionais na rua Dona Maria Paula, a marcha aproveitou o sol e a sombra para transformar a manhã de domingo no centro de São Paulo um local mais aberto a diversidade.
Uma marcha de todos
O tema da marcha este ano, “Basta de violência”, foi a base das principais reivindicações deste ano. No combate à violência, que se dá de diversas maneiras e em múltiplos âmbitos, nomeamos alguma formas que se manifestam para a população migrante: a invisibilidade, a falta de acesso aos serviços públicos, como a educação, a ausência do direito ao voto, a perda cultural, a violência doméstica, a xenofobia, a dificuldade de revalidação de diplomas, entre outros. Todos migrantes são mais do que apenas mão de obra: carregam sonhos, conhecimento, diversidade, esperança e experiência, e necessitam de políticas públicas que integrem e incluam, sem discriminação e humilhação, com acesso a Justiça, igualdade de trabalho, com leis plurais, solidárias e humanas de migração.
A violência contra o migrante independe de sua procedência, e suas demandas são muito próximas. Os malineses Diogui e Makan Tounkara levantavam cartazes pedindo união, paz, justiça e solidariedade. No país há três meses, sua principal reivindicação era a regularização dos documentos migratórios e a equivalência de direitos. Sendo uma constante das reivindicações em todo o país, uma das pautas levantadas foi o fim do Estatuto do Estrangeiro. Gladys, uma boliviana de 20 anos que segurava uma faixa com este pedido, foi simples em suas declarações. “Por que não pode haver um mundo de igualdade?”
Com uma grande maioria presente de migrantes latino-americanos e africanos, também houve destaque para a participação de refugiados sírios, que vieram engrossar a marcha. Osama, que está no Brasil há 2 meses, segurava um cartaz pedindo uma cidadania universal, com direitos iguais, focando em educação e saúde.
Também estavam presentes membros do Instituto Ives Ota. Criado em homenagem ao menino de oito anos filho sequestrado e morto em 1997, filho de um imigrante japonês e de uma nissei (filha de japoneses nascida no Brasil), o instituto está sendo procurado hoje por bolivianos vítimas de violência em São Paulo. Roberto Sekiya, um dos representantes do instituto, ressaltou a importância da marcha para maior visibilidade da violência contra a população migrante. “A visibilidade da violência contra os migrantes é necessária para o fim da impunidade que envolve estes casos”.
Outra causa que busca ter maior destaque é a dos migrantes retornados. “Quando partimos e voltamos, nos sentimos um migrante dentro do nosso próprio país. Temos dificuldades para atualizar nossas profissões, mesmo nossas relações pessoais são difíceis. Hoje, o país não possui uma política pública para os retornados, mesmo havendo milhões de brasileiros na Europa e nos Estados Unidos”, afirmou Neide Tatemoto, que passou oito anos no Japão trabalhando como dekassegui. “O conceito de migrante retornado não está visível e claro ainda. Esta marcha é também uma afirmação para nós”.
Bloco das Mulheres
A 8ª edição da marcha contou com a presença do Bloco das Mulheres. Aberto a qualquer pessoa, ele contou com a presença da Marcha Mundial das Mulheres e da Warmis, e totalizou cerca de cinquenta pessoas.
“O lema da marcha, ‘Basta de violência’, inspirou a criação do bloco, pelo fato da mulher ser quem mais sofre violência, independentemente de onde ela está, não sendo diferente no caso das migrantes”, afirmou a chilena Andrea Carabantes Soto, uma das organizadoras. Questionada acerca da importância da presença do bloco na marcha, Andrea mostrou o poder de maior reconhecimento das reivindicações pela união de mulheres e o fortalecimento delas. “Em bloco, as mulheres se sentem mais representadas, com maior força”.
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