Após quase quatro meses de atividades, nesta quinta (8) e sexta (9) ocorrem as ações finais da terceira edição do Fórum Internacional Fontié Ki Kwaze – Fronteiras Cruzadas. O evento visa ser um ponto de encontro entre qualquer pessoa interessada em pensar e atuar sobre os novos desafios para a garantia de direitos de migrantes, independente da origem.
Para encerrar o ciclo de atividades, iniciado em 24 de novembro passado, foram organizada uma mesa de debates com pesquisadoras de renome internacional e um sarau multicultural. Ambos vão acontecer por meio de transmissão no YouTube e são abertos a qualquer pessoa interessada.
O debate final “Reconfigurando os estudos sobre migrações transnacionais: uma abordagem multiescalar e conjuntural”, acontece na quinta, às 14h. Ele conta com as presenças das pesquisadoras Nina Glick-Schiller (Universidade de Manchester e Universidade de New Hampshire) e Ayşe Çağlar (Universidade de Viena / Instituto de Ciências Humanas – IWM). A professora Bela Feldman-Bianco (Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social e do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da UNICAMP) será a debatedora. Essa atividade será totalmente em inglês – link abaixo para a transmissão.
Já na sexta (9), o fechar das cortinas do Fórum fica por conta do Sarau Multicultural, organizado pelo projeto de extensão do Fronteiras Cruzadas na Unicamp em parceria com o coletivo Visto Permanente, com apresentações de artistas imigrantes de Venezuela, Colômbia, Bolívia, e Moçambique (veja a programação ao final do texto e a transmissão neste link).
De novembro passado até o final de março, dezenas de atividades ocorreram no formato online, com o objetivo de criar espaços para promover a troca de saberes, ampliando redes e resistências locais e globais num contexto de migrações.
Potenciais e entraves
A exemplo de outras atividades, o Fórum também precisou se adaptar aos tempos de pandemia e ocorreu de forma inteiramente online. A presença da Covid-19 em caráter global, aliás, deu uma relevância ainda maior para o tema desta edição do evento: “Migração Transnacional e Transformações Sociais”.
A realização em um ambiente totalmente online trouxe tanto alegrias quanto dissabores. Ao mesmo tempo que permitiu a participação de pessoas de todo o mundo nas atividades, também impediu que migrantes com pouco acesso à internet pudessem tomar parte nas discussões e celebrações culturais.
“Apesar do amplo alcance do evento, nos deparamos com barreiras, como a desigualdade no acesso à internet. Alguns imigrantes convidados tiveram problemas de conexão e foi mais difícil mobilizar imigrantes recém chegados nos Centros de Acolhida em São Paulo, que sempre participam ativamente do Fronteiras Cruzadas na USP, a maior universidade pública do país”,reflete Karina Quintanilha, curadora do evento.
O balanço, no entanto, é considerado positivo pela curadora. “Fomos convocados a refletir e propor direções sobre essa conjuntura de crise, atravessada por governos da extrema-direita, ataques a direitos trabalhistas e sociais, militarização de fronteiras na América Latina, políticas de indocumentação, aprofundamento do racismo e xenofobia e crescente criminalização da migração”, reflete.
Sobre o evento
Fontié Ki Kwaze significa “Fronteiras Cruzadas” em créole haitiano e faz referência ao Haiti. Primeiro país a organizar uma revolução de escravos negros iniciada, em 1791, derrotou a exploração colonialista francesa e se tornou a primeira república independente da América Latina, em 1804.
O Fórum tem a coordenação geral do Prof. Dr. Artur Matuck (ECA/ PGEHA / Diversitas-USP), junto com a Profa. Dra. Vera Telles (FFLCH-USP), o Prof. Dr. Paulo Daniel Farah (FFLCH-USP / Diversitas / NAP-Brasil-África) e a Profa. Dra. Patrícia Villen (Núcleo de Pesquisa Abdelmalek Sayad), com curadoria da pesquisadora e advogada Karina Quintanilha (IFCH-UNICAMP). Também é constituído por uma ampla rede de pesquisadores das mais diversas áreas de atuação (Comissão de Organização e Científica), estudantes, assistentes sociais, advogados, coletivos de migrantes, espaços culturais, em estreita cooperação com grupos de pesquisa do Brasil e exterior, em especial na América Latina, Canadá e Europa.
A primeira edição ocorreu em 2017, nas dependências da ECA-USP (Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo), e contou com a cobertura do MigraMundo.
Programação de encerramento
8/04, Quinta, 14h (Br) – Mesa Redonda de Encerramento
*A atividade será excepcionalmente em inglês.
Haverá uma experiência com o closed caption/tradução automático do YouTube
Reconfigurando os estudos sobre migrações transnacionais: uma abordagem multiescalar e conjuntural
Com:
– Nina Glick-Schiller (Professora Emérita do Departamento de Antropologia Social da Universidade de Manchester e da Universidade de New Hampshire)
– Ayşe Çağlar (Professora do departamento de Antropologia Social e Cultural da Universidade de Viena / Instituto de Ciências Humanas – IWM)
Debatedora: Bela Feldman-Bianco (Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social e do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da UNICAMP)
Mediação: Tiago Rangel Côrtes (PPGS – USP).
Abertura com:
Karina Quintanilha (IFCH-UNICAMP) – curadora da 3a edição do Fórum Internacional Fronteiras Cruzadas.
Encerramento com:
Artur Matuck (Professor da ECA-USP) – coordenador geral da 3a edição do Fórum
Internacional Fronteiras Cruzadas.
9/04, Sexta, 14h (Br) – SARAU MULTICULTURAL ONLINE
*O evento integra a Mostra Funciona Cultura UNICAMP – 2021 e é transmitido pelo Canal DCult – https://www.youtube.com/c/DiretoriadeCulturadaUnicamp/
ARTISTAS CONVIDADOS
Avril Curvelo – Venezuela
Daniela Solano – Colômbia (apresentadora)
Delllpaz e Abillanque (Latam Squad) – Bolívia
Juan Cusicanki e Aloha de la Queiroz – Bolívia e Brasil
Otis Selimane Remane – Moçambique
Tania Sayri – Bolívia
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