A Organização Internacional para as Migrações (OIM) confirmou nesta terça-feira (18) que fará um corte de 20% no quadro de funcionários em sua sede em Genebra (Suíça). A redução se dá diante de um baque orçamentário da ordem de 30% para este ano de 2025, em razão da decisão do governo dos Estados Unidos de suspender o envio de recursos para ajuda humanitária internacional e de repasses menores dos demais Estados-membros.
O anúncio confirma rumores que já circulavam no noticiário internacional, conforme reportagem da agência France Press na semana passada a partir de relatos de funcionários da OIM que falaram sob a condição de anonimato. De acordo com essas fontes, cartas de demissão já haviam sido enviadas nas semanas anteriores a colaboradores da agência.
A OIM estima que cerca de 250 pessoas serão dispensadas neste momento, como forma de se adequar ao orçamento disponível. A agência disse lamentar profundamente as demissões, que vão incluir colaboradores que possuem longa trajetória junto à entidade.
Ainda segundo a agência da ONU para as Migrações, o ajuste inclui a redução ou encerramento de projetos que afetam mais de 6.000 funcionários em todo o mundo. Também serão transferidas posições para escritórios regionais e missões nacionais de menor custo.
“Essas medidas visam garantir que a OIM possa continuar fornecendo assistência humanitária vital para migrantes e comunidades vulneráveis em todo o mundo, promovendo soluções para populações deslocadas e apoiando governos ao redor do mundo na gestão da migração em benefício das sociedades e dos migrantes”, disse a OIM no comunicado oficial divulgado nesta terça-feira.
A agência, contudo, sinalizou que essa expectativa de orçamento 30% menor para este ano terá efeitos sobre as populações em deslocamento que são assistidas atualmente pela OIM. “A redução no financiamento tem impactos graves sobre as comunidades migrantes vulneráveis, exacerbando as crises humanitárias e minando os sistemas de apoio vitais para as populações deslocadas”.
E o Brasil?
Até o momento não há notícias sobre desdobramentos dessa medida na representação da OIM no Brasil. A agência cumpre papel de destaque junto a uma série de projetos com entidades da sociedade civil e com o poder público – entre elas a Operação Acolhida, no estado de Roraima, responsável pelo gerenciamento da maior parte da migração venezuelana em direção ao país
No final de janeiro, a OIM chegou a suspender a atuação nesse projeto, em vigor desde 2018, em razão dos cortes de recursos promovidos pela Casa Branca sob a gestão de Donald Trump. O fato levou o governo brasileiro a arcar temporariamente com as atividades que eram desempenhadas pela OIM em Roraima.
Além disso, o corte sofrido pela Agência da ONU para as Migrações afetou projetos em curso junto à sociedade civil brasileira e outros que estavam prestes a serem lançados, gerando incerteza e temor nesse grupo.
Dias depois, já em fevereiro, a OIM retomou as ações na Operação Acolhida – nos abrigos, na documentação e regularização migratória e na ajuda do processo de interiorização dos migrantes. Segundo apuração do jornal Folha de S.Paulo à época, isso foi possível após um remanejamento de verba dentro da própria ONU, com o deslocamento de recursos do Unicef, o fundo das Nações Unidas para a infância, e também de doações recebidas da iniciativa privada.
Fundada em 1951, a OIM integra o Sistema ONU desde 2016. Antes, atuava como uma entidade observadora das Nações Unidas.
Desde outubro de 2023 a OIM é presidida pela estadunidense Amy Pope, que teve passagem pela Casa Branca na área de migrações durante os governos democratas de Barack Obama e Joe Biden. Esse fato levanta ainda preocupações sobre como seria o diálogo da entidade com a gestão do republicano Donald Trump, que tem no rechaço à migração uma de suas principais bandeiras políticas e de governo.
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