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quinta-feira, novembro 21, 2024

De campanhas a vídeo-aulas, ações visam ajudar imigrantes em SP e Rio em meio ao Covid-19

Com o indicativo de uma situação duradoura de quarentena, uma série de iniciativas em São Paulo e Rio vêm procurando atenuar os efeitos econômicos da pandemia sobre imigrantes e refugiados

As medidas tomadas pelo poder público para conter o avanço do coronavírus (Covid-19), embora necessárias, têm efeitos colaterais. E parte deles atinge diretamente os imigrantes e suas fontes de renda.

Sem eventos públicos e com funcionamento apenas de serviços essenciais, muitos deles foram impactados economicamente — entre negócios, empreendimentos individuais e projetos aos quais estão vinculados.

Com o indicativo de uma situação duradoura de quarentena devido ao Covid-19, uma série de iniciativas em São Paulo e no Rio de Janeiro vêm procurando atenuar os efeitos econômicos da pandemia sobre essa parcela da população.

Vaquinha para oficinas de costura

O setor têxtil foi atingido em cheio pela crise gerada pelo coronavírus. Com lojas fechadas, as encomendas de peças de roupas praticamente sumiram das oficinas de costura. E muitas delas são tocadas por imigrantes, tanto no funcionamento como na direção.

Como resultado, há oficinas que há duas semanas não recebem qualquer encomenda.

Para evitar uma quebradeira desses negócios —e por consequência, da renda desses imigrantes — a ONG Alinha lançou uma campanha de financiamento coletivo (clique aqui). O objetivo é arrecadar fundos que ajudarão, inicialmente, famílias responsáveis por 21 oficinas apoiadas pelo projeto.

Criada em 2014, a Alinha auxilia na regularização e na profissionalização de oficinas de costura de imigrantes. E decidiu realizar tal intervenção para evitar um retrocesso social, organizacional e humano sobre essas empresas e seus envolvidos.

“Queremos garantir que esses empreendedores, que tanto se esforçam para conseguir ter seus negócios alinhados, não sejam esquecidos. As vitrines podem estar fechadas, mas as nossas roupas continuam carregando a história desses trabalhadores”, sintetiza Dari Santos, sócia-fundadora da Alinha.

‘Abraço Online’

Conhecido por promover aulas de idiomas ministradas por imigrantes em situação de refúgio, o Abraço Cultural decidiu levar seus cursos para o ambiente online. As aulas terão início no novo formato a partir do dia 30 de março, tanto para alunos de São Paulo como do Rio de Janeiro.

“Dessa forma, continuamos garantindo o pagamento dos professores, que dependem dessa renda, e continuamos oferecendo uma forma de abraçar os alunos, mesmo com o distanciamento social”, afirma Mari Garbelini, diretora-executiva do Abraço Cultural.

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Queridos/as alunos/as, diante da situação atual de pandemia, inclusive do aumento do prazo de quarentena para escolas e universidades, tomamos a decisão que nos pareceu melhor nas atuais circunstâncias: retomar nossos cursos através de aulas on-line. Sabemos que essa modalidade de aulas é nova para muitos de vocês e gostaríamos de compartilhar que para nós também é. Desde o início do projeto, o Abraço sempre realizou aulas presenciais e agora, na atual conjuntura, iremos descobrir junto com vocês os horizontes e as oportunidades que as plataformas online podem nos oferecer. Além de recebermos uma grande demanda de nossos estudantes pela adoção do mesmo, acreditamos que esse tipo de ensino pode nos trazer alguns benefícios muito importantes no momento atual, sendo esses: 1) permite a continuação das nossas atividades, equipe, professores e alunos. Ou seja, nos dá oportunidade de manutenção do aprendizado, das trocas e do contato (on-line) entre os profs e colegas de classe; 2) nos possibilita manter o planejamento do semestre, sendo essa outra demanda recebida por parte de nossos alunos/as; 3) poderá ser uma forma de transformar o período de isolamento social em um momento também de aprendizado e prazer! Sendo assim, nossas aulas retornam a partir de segunda que vem, dia 30/03, nos mesmos dias e horários da sua turma, através de aulas on-line. Os detalhes de cada unidade serão enviados por e-mail. E você, que nunca teve aulas nessa modalidade ou não curtiu a ideia, por que não faz um teste? Pode ser muito mais fácil e proveitoso do que você pensa! Contamos com a compreensão e empatia de vocês 🙂 ⠀

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Para isso, segundo ela, a equipe de pedagogia trabalhou com os professores para adaptar o conteúdo e método de aula à situação atual.

“Já recebemos respostas positivas e acreditamos que esta seja a solução para este momento”, completa.

#CompreDoPequeno

O Abraço Cultural também tem levado a campanha #CompredoPequeno para a temática migratória. A ideia é incentivar a compra de artigos — como comidas típicas, artesanato, vestuário e outros itens — produzidos por imigrantes tanto do Rio como de São Paulo.

O conceito por trás da campanha é simples. Grandes empresas possuem maiores condições de enfrentar situações econômicas adversas, enquanto pequenos negócios são mais frágeis e tendem a fechar, gerando desemprego e ampliando os efeitos da atual crise.

É nessa situação potencial que estão vários imigrantes, que recorreram ao empreendedorismo para ganhar o próprio sustento no país e driblar questões que atrapalham sua inserção no mercado do trabalho.

“A ideia principal era unir duas causas: o mês da mulher e o apoio aos pequenos empreendedores, principalmente migrantes e refugiados, que foram afetados com o Covid-19. Entramos em contato com pessoas que conhecíamos e o retorno foi de total gratidão, reforçando a necessidade de continuar dando visibilidade aos trabalhos ainda mais nesse momento, já que muitas vezes, a principal fonte de renda dessas pessoas é a participação de feiras e eventos”, explicou Bianca Silva, da área de comunicação do Abraço.

No último dia 16, o MigraMundo —com a ajuda da pesquisadora Sofia Zanforlin —publicou uma lista de imigrantes em São Paulo que atuam com gastronomia e aceitam encomendas de seus produtos.

Manifesto na internet

O coletivo Conviva Diferente, que oferece cursos gratuitos de português e formações diversas para imigrantes no bairro de Guaianases, no extremo-leste de São Paulo, lançou uma manifesto nas redes sociais.

O texto expõe as dificuldades relatadas pelos imigrantes atendidos pelo projeto e reivindica uma série de medidas a serem tomadas pelo poder público em apoio aos imigrantes nas periferias da capital paulista. Também procura estender ao bairro as campanhas de solidariedade que nem sempre chegam às áreas mais afastadas da cidade.

“Conclamamos aqueles e aquelas que queiram auxiliar a nos procurar, para que possamos canalizar essa mobilização à rede assistencial já estabelecida no bairro, através das igrejas, entidades de assistência e representações do poder público”, diz o texto.

O manifesto, disponível na íntegra no Facebook do Conviva Diferente, conta atualmente com 18 adesões, entre associações e coletivos de imigrantes.

Apoiem os imigrantes e refugiados de Guaianases![CARTA-MANIFESTO]O Coletivo Conviva Diferente vem publicizar a…

Posted by Conviva Diferente on Wednesday, March 25, 2020

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