Hospedaria 130, nova mostra do Museu da Imigração, traz uma série de curiosidades sobre o cotidiano e a história do edifício que recebeu milhões de migrantes
Por Rodrigo Borges Delfim
Você sabia que a antiga Hospedaria do Brás – que serviu como porta de entrada de muitos migrantes que chegaram ou passaram pela cidade de São Paulo – nem sempre foi hospedaria de imigrantes? Sabia que lá já funcionou uma escola de aviação e uma prisão política? E que os brasileiros são a nacionalidade que mais passou pelo local?
Essas e outras curiosidades estão contadas de modo bem informativo e interativo na exposição temporária Hospedaria 130, que estreou no último sábado (26) no Museu da Imigração, em São Paulo. O nome da exposição, aliás, é uma alusão ao aniversário de 130 anos do edifício, inaugurado às pressas em 5 de junho de 1887.
Estima-se que cerca de 2,5 milhões de pessoas, de diferentes nacionalidades, passaram pela Hospedaria até 1978, quando ela encerrou suas atividades. Atualmente, além do Museu da Imigração, o edifício também abriga o Arsenal da Esperança.
“Já conhecíamos as principais funções e rotinas, a importância da Hospedaria dentro de uma política de Estado e também como lugar de memória para tantas famílias. Mas sabíamos pouco sobre a construção, que foi longa e por etapas, e sobre as pessoas e objetos que haviam ali. Por isso nos debruçamos sobre novas fontes e fizemos descobertas importantes, que hoje estão na exposição”, conta Mariana Esteves Martins, coordenadora técnica do Museu da Imigração e curadora da exposição.
O leque de fontes consultadas pela equipe de curadoria foi extenso: jornais, relatórios, correspondências, livros de achados e perdidos, cadernos de ocorrências da enfermaria, plantas e fotografias. Dessa forma, a exposição procura levar o visitante a ir além dos registros.
“Queremos mostrar, a partir de uma pesquisa que foi muito profunda, os detalhes desse cotidiano dos imigrantes que passaram por aqui. Isso leva a uma reflexão sobre o que se passou aqui, a importância desse espaço e o que vem sendo vivenciado em relação às migrações no mundo atual”, conta Alessandra Almeida, diretora-executiva do Museu, sobre a nova exposição.
A falta de verba que atinge em cheio as manifestações culturais não permitiu a instalação de dispositivos virtuais como em exposições anteriores, mas a interação do público com a mostra é garantida por meios mais lúdicos, que complementam os painéis com linhas do tempo e dados sobre o prédio.
Por meio de pequenas portas e gavetas o visitante conhece um pouco do arsenal de histórias testemunhadas pela Hospedaria – de mortes a nascimentos, de brigas a sonhos, de esperanças a reclamações diversas. Há também uma roda que conta, a cada giro, as utilidades que o edifício teve.
Além da Hospedaria 130, que tem entrada gratuita, o Museu da Imigração conta atualmente com outras duas exposições: a mostra temporária Migrações à Mesa e a exposição de longa duração Migrar: Experiências, Memórias e Identidades, em exibição desde a reinauguração do Museu, em 31 de maio de 2014.
Museu da Imigração do Estado de São Paulo
Endereço: Rua Visconde de Parnaíba, 1316 – Mooca, São Paulo (SP) – próximo à Radial Leste e da estação Bresser-Mooca do metrô
Funcionamento: terça a sábado, das 9h às 17h; domingo, das 10h às 17h
Entrada: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia-entrada) – o acesso à exposição Hospedaria 130 e ao jardim do Museu é gratuito
Mais informações: http://www.museudaimigracao.org.br/