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domingo, outubro 6, 2024

Mês a mês, uma breve retrospectiva dos principais destaques de 2016 no MigraMundo

Por Rodrigo Borges Delfim

Como foi 2016 em relação às migrações? Quais foram os avanços, retrocessos e principais fatos ligados à temática no ano que vai terminando? O que esperar de 2017?

 

Veja agora os principais fatos destacados pelo MigraMundo ao longo do ano – teve ainda uma grande mudança no próprio MigraMundo, que assumiu oficialmente o formato de site. E também um pequeno recado para o 2017 que se aproxima!

Janeiro

No aniversário de São Paulo, maior cidade brasileira e da América do Sul, uma celebração com diferentes sotaques foi um dos destaques de janeiro. O Festival São Paulo sem Fronteiras levou centenas de pessoas ao MIS (Museu da Imagem e do Som) e foi organizado em conjunto com diversas entidades ligadas à temática das migrações e do refúgio.

Fevereiro

Seria possível contar histórias da migração com bordados e retalhos? As arpilleras mostram que sim. Essa técnica chilena de arte e expressão social e política, confeccionada por mulheres migrantes, foi tema da exposição “Do Retrato à Trama”, que rolou de fevereiro a maio no Museu da Imigração de São Paulo.

Exposição de arpilleras fica no Museu da Imigração de São Paulo de 13 de fevereiro a 15 de maio.
Crédito: Divulgação

A crise econômica que afeta o Brasil também tem efeitos sobre as comunidades migrantes. Uma das maiores e mais afetadas é a haitiana. Em entrevista exclusiva para o MigraMundo, o professor haitiano Joseph Handerson, da Universidade Federal do Amapá, analisou a situação da diáspora haitiana no Brasil naquele momento e apontou ações que deveriam ter sido tomadas pelo poder público para garantir uma melhor situação para haitianos e outras comunidades migrantes.

Março

A temática da mulher migrante vem ganhando espaço nos debates e estudos sobre migrações – e no MigraMundo não poderia ser diferente. E em março foram pelo menos duas reportagens especiais: uma com mulheres migrantes no Brasil e no exterior, e outra sobre a exposição Vidas Refugiadas, que destaca perfis de mulheres refugiadas no Brasil e está circulando pelo país.

Abril

Abril foi um mês especialmente movimentado no MigraMundo. Foi ao ar o novo site do MigraMundo, possibilitado graças a uma campanha de financiamento coletivo feita no final de 2015, dando uma nova cara ao material produzido pela equipe e colaboradores espalhados pelo Brasil e no exterior. Também foram destaque a nova cartilha do Ministério Público do Trabalho com direitos dos imigrantes e o seminário “Migrações Internacionais, Refúgio e Políticas”, que aconteceu em São Paulo e destacou a importância das redes de pesquisa sobre migrações.

Abril também teve mais um exemplo do estrago que pode fazer uma informação errada. A partir do boato sobre a “invasão” de imigrantes no Brasil, uma série de preconceitos e estereótipos foram destilados nas redes sociais, potencializados ainda pela alta temperatura do debate político naquele momento.

Maio

O que significa trabalho? Essa foi a pergunta respondida por imigrantes de diversas nacionalidades em mais um especial do MigraMundo.

Outro destaque do mês foi o artigo que mostrou como o boato sobre os imigrantes bolivianos em Goiânia está longe de ser um caso isolado. Pelo contrário, mostra uma realidade de racismo e situações de violência que insiste em marcar presença.

Junho

Em junho é lembrado o Dia Internacional do Refugiado (20/06). E os dados consolidados referentes a 2015 mostram o quanto a questão ganha contornos maiores e mais dramáticos ano a ano. Nada menos que 65 milhões de pessoas tiveram de se deslocar por conta de conflitos e perseguições em geral no último ano – dados que podem ser ainda mais alarmantes no fechamento de 2016.

Julho

O mês de julho teve dois eventos especialmente marcantes. Um deles foi o Fórum Social Mundial de Migrações, que reuniu pessoas do mundo todo inseridas na temática das migrações. O evento teve avaliação positiva de seus participantes e se destacou pela diversidade de debates e manifestações culturais, pela sanção da Política Municipal para a População Imigrante em São Paulo e pela campanha em prol da nova Lei de Migração no Brasil.

Fórum vira ponto de partida de mobilização para aprovação da Lei de Migração.
Crédito: Rodrigo Borges Delfim/MigraMundo

A questão da Síria esteve preste ao longo do ano, cada vez pior e motivando o deslocamento de mais e mais pessoas mundo afora – boa parte desses atingidos são crianças. E em julho viralizaram nas redes sociais imagens de crianças sírias segurando cartazes com Pokémons e mensagens pedindo ajuda. A ideia da ação – não ficaram claras as circunstâncias nas quais as fotos foram feitas – era aproveitar a popularidade do jogo para chamar a atenção para os dramas vividos pelas crianças na Síria.

Agosto

Muito se falou sobre a participação histórica de uma delegação formada apenas por refugiados na Olimpíada do Rio de Janeiro, mas sempre fica a pergunta: e o que acontece depois que os refugiados voltam para “casa”? Não só com os competidores, mas com os milhões que estão refugiados mundo afora? As demonstrações de apoio não podem ficar restritas ao evento esportivo.

Setembro

Sim, o Conector. Ele voltou a ser destaque no noticiário em setembro, quando solicitantes de refúgio ficaram detidos em uma pequena sala entre o desembarque e a imigração no Aeroporto de Guarulhos (SP). Isso poucos dias depois de um pronunciamento do presidente Michel Temer na ONU, descrevendo o Brasil como um exemplo de acolhimento e de tolerância em relação aos migrantes – situação bem distante da realidade e que ainda contou com “pedaladas” em dados sobre refúgio no país.

Por outro lado, setembro também destacou em São Paulo o belo projeto Todo Imigrante Tem Direito à Informação e a exposição Direitos Migrantes: Nenhum a Menos, a mais ousada e uma das mais marcantes já feitas até agora pelo Museu da Imigração.

Seja em poemas, fotos, vídeos ou depoimentos, nova mostra do Museu da Imigração reitera que migrar é direito humano.
Crédito: Rodrigo Borges Delfim/MigraMundo

Outubro

Outubro foi mês de eleição no Brasil – menos para os imigrantes, que continuam à parte desse processo, sem direito a voto. Mas também é o mês de aniversário do MigraMundo, que completou quatro anos de existência – e os integrantes da equipe contaram sobre como entraram no projeto.

Outro destaque do mês foi o Especial Mulher Migrante e Trabalho, material bilíngue – em português e espanhol – que destacou dificuldades e realizações de mulheres migrantes no mercado de trabalho brasileiro.

Novembro

A vitória de Donald Trump para presidente dos Estados Unidos surpreendeu a muitos. No entanto, ela está longe de representar um fato isolado em meio a manifestações de nacionalismo, racismo, preconceito e xenofobia que pipocam mundo afora.

Por outro lado, novembro foi também mês da já tradicional Marcha dos Imigrantes, que chegou à décima edição, e levou vozes e reivindicações das comunidades migrantes à avenida Paulista, a mais famosa de São Paulo.

Diferentes nacionalidades, bandeiras e culturas se unem na Marcha dos Imigrantes.
Crédito: Rodrigo Borges Delfim/MigraMundo

Dezembro

Em dezembro, mês no qual é lembrado o Dia Internacional do Imigrante (18/12), aconteceu aquele que pode ser considerado o mais importante fato do ano no Brasil em relação às migrações: a aprovação pela Câmara do PL 2516/2015, que cria a nova Lei de Migração. Ele ainda precisa passar pelo Senado, mas sua aprovação fez ele chegar onde nenhuma outra proposta já chegou antes e ficar mais perto de revogar finalmente o Estatuto do Estrangeiro. E no plano local, teve a regulamentação da Politica Municipal para a População Imigrante em São Paulo.

No Fórum Social Mundial de Migrações, campanha lançou ahashtag #NovaLeideMigraçãoJá
Crédito: Rodrigo Borges Delfim/MigraMundo

E em pleno 18 de dezembro, foi lançada oficialmente a plataforma online Mídias Imigrantes de São Paulo, que reúne às expressões midiáticas voltadas à temática migratória e/ou produzidas por imigrantes que vivem na capital paulista – incluindo o MigraMundo.

 

Pois é, esse resumo mostra um pouquinho da montanha russa que foi 2016 na temática das migrações. E o que esperar de 2017? Complicado fazer um prognóstico, ainda mais considerando as mudanças abruptas – para o bem ou para o mal – que aconteceram em 2016. Mas dá para dizer certamente que a articulação e a união de forças em defesa de conquistas já obtidas e para destravar pautas antigas e novas será mais fundamental do que nunca. E o MigraMundo estará, de uma forma ou de outra, acompanhando esses e outros movimentos.

2017 já bate à porta. E lá vamos nós novamente!

 

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