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sábado, dezembro 21, 2024

O preço da passagem – rotas de migração para a Europa

Países europeus falam em aumentar controle das fronteiras, construir muros, montar patrulhas marítimas e até sugerem que os imigrantes “voltem para casa”. Parece tudo “tão simples” na teoria, mas nada mais “non-sense” na prática – ainda mais considerando a Era da Globalização vivida pelo planeta.

Um exemplo disso está no infográfico The Price of Passage (O Preço da Passagem, em tradução livre), que  faz um levantamento das rotas de migração que partem do Oriente Médio e África em direção à Europa, seja por terra, mar ou pelo ar. O material foi elaborado pela rede de TV Al Jazeera, sediada no Qatar, com dados da Human Rights Watch, Anistia Internacional e Acnur, a agência da ONU para refugiados.

http://www.aljazeera.com/indepth/interactive/2013/10/interactive-price-passage-201310248556288870.html

Além de mostrar as rotas de migração para a Europa, o infográfico da Al Jazeera tem o apoio de uma série de outros dados sobre como o esquema de tráfico opera e organiza o sistema de tráfico humano no continente. Por exemplo, os barcos que chegam pelo mar têm migrantes instruídos previamente a colocar fogo na embarcação ou mesmo apenas danificá-la com o intuito de forçar o resgate dos ocupantes no mar.

O valor pago pelos imigrantes interessados em ingressar na Europa varia de acordo com a rota. De acordo com o material compilado pela Al Jazeera, um local no barco que vai de Túnis (Tunísia) ou Benghazi (Líbia) à costa da Itália pode custar de US$ 1.500 a US$ 2.000. Sim, o migrante que deseja um mínimo de segurança de que chegará em terra firme ainda é obrigado a desembolsar de US$ 4.000 a US$ 6.000 adicionais.

Já uma viagem por terra entre Cabul (Afeganistão) e Atenas (Grécia) não sai por menos de US$ 7.000 – incluindo boa parte do trecho a pé, semelhante à  jornada descrita no livro “Existem Crocodilos no Mar”. E assim como na obra narrada por Enaiat, o percurso dentro do Irã é feito a pé, local onde alguns dos migrantes acabam sucumbindo ao calor, frio, fome e outros obstáculos.

Muitos, no entanto, pagam um preço ainda mais alto pela travessia clandestina – a própria vida. Nos últimos 20 anos, o mar Mediterrâneo serviu de “vala comum” para quase 25 mil pessoas – a elas se juntaram as cerca de 500 vítimas dos grandes naufrágios ocorridos entre os meses de setembro e outubro passado, a caminho da ilha de Lampedusa.

O infográfico é mais uma prova da ineficiência das políticas criadas justamente com o intuito de coibir a entrada de migrantes sem documentação. Ou seja, de nada adiantará a Europa fechar-se como uma Fortaleza enquanto o sangue escorre pelos muros ou mancha os mares – e os traficantes de pessoas continuam a encher seus bolsos em função do sonho alheio de uma nova vida longe da terra natal.

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