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sexta-feira, junho 13, 2025

“É a Cara do Brasil”: nova campanha da OIM mobiliza solidariedade em apoio a migrantes e brasileiros retornados

Iniciativa destaca o acolhimento como parte da identidade brasileira e convida sociedade civil e setor privado a contribuir com ações humanitárias voltadas a populações vulneráveis

Por Letícia Agata Nogueira

A Organização Internacional para as Migrações (OIM) lançou a campanha “É a Cara do Brasil”, com o objetivo de mobilizar pessoas físicas residentes no Brasil e no exterior, entidades e organizações não governamentais, empresas e fundações do setor privado, através de doações em prol do apoio a migrantes internacionais, brasileiros que retornam ao país e populações impactadas por desastres. A iniciativa ressalta a solidariedade como um valor fundamental da identidade brasileira, promovendo o acolhimento e o suporte a pessoas em situação de vulnerabilidade, em um país historicamente formado por diversos fluxos migratórios.

Lançada no último dia 8 de maio, a campanha também visa reforçar a importância da gestão adequada da migração como um fator de desenvolvimento sustentável e integração, capaz de fortalecer as comunidades de acolhida.

“Por meio de doações, será possível garantir que a OIM siga apoiando quem mais precisa com ações de proteção, documentação, saúde e oportunidades de trabalho, entre diversas outras”, disse Paolo Caputo, Chefe de Missão da OIM no Brasil, em comunicado à imprensa.

As doações podem ser realizadas no site da OIM e os recursos serão utilizados para:

  • Fornecer serviços de saúde para pessoas brasileiras, migrantes e brasileiros retornados;
  • Oferecer apoio às pessoas brasileiras retornadas ao Brasil;
  • Fortalecer o combate ao tráfico de pessoas e ao contrabando de migrantes;
  • Desenvolver ações e projetos para fortalecer a resposta de municípios aos desastres ambientais associados à mudança do clima;
  • Garantir acesso aos serviços de documentação e regularização migratória para pessoas venezuelanas em Roraima, na fronteira com a Venezuela.

Atuação da OIM no Brasil

A OIM atua no Brasil desde 2016, promovendo ações de abrigamento, alimentação, saúde e de acesso à cidadania, impactando migrantes internacionais, pessoas deslocadas por desastres, comunidades de acolhida, brasileiros retornados, entre outros. 

Só no ano passado foram realizados 109.326 atendimentos de documentação, 34 mil aplicações de doses de vacina, acolhida de 126.495 pessoas em alojamentos, apoio na interiorização de 21.827 pessoas, além do fornecimento de serviços de saúde, atendimento clínico em atenção básica, capacitações e proteção. 

Desde 2020 a organização integrou socioeconomicamente 45 mil pessoas diretamente e 100 mil pessoas indiretamente através de Vagas de Emprego Sinalizadas (VES), treinamentos, formações, capacitações, atendimento, proteção e coesão social.

A Agência da ONU para as Migrações também atua no Brasil no apoio a uma série de iniciativas da sociedade civil, de governos estaduais e da União, como a Operação Acolhida em Roraima. No começo deste ano, a OIM sofreu com os impactos do corte de recursos anunciado pelo governo dos Estados Unidos para ajuda humanitária internacional, o que levou a agência a suspender temporariamente as atividades desempenhadas na força-tarefa.

Na esfera internacional, os cortes promovidos pelos Estados Unidos, um dos principais doadores para ações humanitárias na esfera global, colaboraram para a OIM estimar um orçamento 30% menor neste ano em relação a 2024. Como resposta, a agência anunciou um corte de 20% no quadro de funcionários em sua sede, em Genebra (Suíça), além da revisão de operações em todo o mundo para adequação ao novo momento financeiro.

Campanhas anteriores

Nos últimos anos, tanto a OIM quanto ONGs espalhadas pelo Brasil implantaram campanhas de solidariedade a refugiados e migrantes. Confira algumas delas:

Acción Regional por la #RegularizaciónYa

Em junho de 2020, organizações de imigrantes de cinco países sul-americanos — Brasil, Argentina, Bolívia, Chile e Peru — realizaram uma mobilização conjunta nas redes sociais para reivindicar a regularização migratória de pessoas indocumentadas como medida essencial no combate à pandemia de Covid-19. A campanha “Acción Regional por la #RegularizaciónYa” destacou que a regularização facilita o acesso a serviços públicos de saúde, permitindo que os imigrantes busquem tratamento e contribuam efetivamente para conter a disseminação do vírus. O Projeto de Lei 2699/2020, apresentado pela bancada do PSOL em maio de 2020, propôs medidas emergenciais de regularização migratória por razões humanitárias durante a pandemia de Covid-19, com base na atual Lei de Migração. A proposta visava garantir direitos básicos a imigrantes em situação irregular como parte do enfrentamento à crise sanitária. 

Fique em casa

Em 2020 imigrantes e refugiados no Brasil realizaram a campanha “Fique em Casa”, contra a Covid-19, com diversas mensagens em português, inglês, espanhol, árabe, bengali, francês e libras sobre o respeito à quarentena para o combate ao coronavírus. A campanha reforçou que os próprios imigrantes estavam entre os mais afetados pela crise gerada pela pandemia, pois muitos trabalhavam na informalidade ou como MEI (Microempreendedor Individual), tendo suas atividades econômicas reduzidas ou suspensas.

Liberdade no Ar – Acolhida

Em novembro de 2022, a OIM lançou a campanha “Liberdade no Ar – Acolhida”, com o objetivo de promover o acolhimento e a integração de migrantes e refugiados no Brasil. Por meio de vídeos e depoimentos, a iniciativa destacou histórias de superação e a contribuição dessas pessoas para a sociedade brasileira. Os conteúdos também abordaram temas sensíveis, como falsas promessas de trabalho, exploração sexual e trabalho análogo à escravidão, alertando para os riscos do tráfico de pessoas e reforçando a importância de uma migração segura e digna. Além disso, a campanha atuou como ferramenta de orientação, informando migrantes sobre seus direitos e os serviços disponíveis, contribuindo diretamente para sua proteção e inclusão.

Compartilhe a Viagem

Em 2017, como parte de uma ação global puxada pela Igreja Católica, instituições religiosas com aderência à temática migratória promoveram a campanha “Compartilhe a Viagem”, para sensibilizar a população global em relação às temáticas de refúgio e migração. A iniciativa incentivava as pessoas – independente da origem e dos motivos que a levaram a se deslocar – a se conhecerem, trocarem experiências, multiplicar saberes e compartilhar a vida de forma positiva.

A campanha entrou para o rol de ações promovidas pelo Papa Francisco (2013-2025) em apoio aos migrantes no mundo, uma das marcas de seu pontificado. No Brasil o lançamento dessa iniciativa contou com atos públicos em locais de referência em grandes cidades, como o Cristo Redentor (Rio de Janeiro) e a Praça da Sé (São Paulo).

Todas essas campanhas reforçam não apenas a importância da solidariedade em tempos de crise, mas também o reconhecimento da migração como parte essencial da história e da identidade nacional. Ao promover iniciativas de acolhimento, proteção e integração, as ações mobilizadas convidam a sociedade brasileira a participar ativamente desse esforço coletivo. Em um país moldado por diversas culturas e trajetórias migratórias, fortalecer o apoio a pessoas em movimento é, mais do que nunca, um passo fundamental para a construção de uma sociedade mais justa, inclusiva e resiliente.


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