Segundo relatório global sobre a questão do refúgio, Brasil é o sexto país que mais recebeu pedidos em 2018, em reflexo da crise na Venezuela
Por Rodrigo Borges Delfim
Em São Paulo (SP)
O deslocamento forçado no mundo – que engloba refugiados e deslocados internos – por conta de guerras, conflitos e perseguições diversas atingiu um total de 70,8 milhões ao final de 2018. É o que mostra a edição mais recente do relatório Tendências Globais, elaborado pelo ACNUR (Alto Comissariado da ONU para Refugiados) e divulgado nesta quarta-feira (19).
Destes, segundo a agência, 25,9 milhões são refugiados – pessoas que buscaram proteção em outros países; a maior parte (41,3 milhões) é formada por deslocados internos – pessoas que deixaram suas casas, mas não cruzaram as fronteiras de seus países; e outros 3,5 milhões são ainda solicitantes de refúgio. Metade dos deslocados no mundo – internos e internacionais – são menores de 18 anos.
Os números, segundo a agência das Nações Unidas, são considerados ainda uma estimativa conservadora, já que consideram apenas parcialmente a diáspora venezuelana. Apenas 500 mil dos 3,8 milhões que deixaram o país desde 2015 até o final de 2018, segundo dados de países que estão recebendo essa população, fizeram pedidos de refúgio. Atualmente o êxodo venezuelano já supera 4 milhões e pode chegar a 5 milhões, de acordo com projeções de agências da ONU.
Em maio, o ACNUR fez um apelo à comunidade internacional pelo reconhecimento dos venezuelanos como refugiados – pela grave situação sócio-político-econômica vivida pelo país sul-americano e que tem impulsionado a diáspora por outros países, especialmente da América do Sul.
O relatório reflete ainda a crescente nos deslocamentos forçados no continente americano e seus impactos. Além da Venezuela, também figuram entre as nacionalidades que mais pediram refúgio no último ano os salvadorenhos (46,8 mil) e os hondurenhos (41,5 mil).
O aumento dos deslocamentos na América Latina se reflete em outros países da região. Mesmo com políticas cada vez mais restritivas em relação à migração, os Estados Unidos aparecem como o país que recebeu mais solicitações de refúgio em 2018. Em seguida aparecem Peru, Alemanha, França, Turquia e Brasil – os venezuelanos respondem por 61,6 mil das 80 mil novas solicitações recebidas pelo governo brasileiro em 2018.
“O número de venezuelanos chegando a outros países também aumentou. Não é uma crise do Brasil. A pressão é geral. Há mais de um milhão na Colômbia”, diz Bernardo Laferté, coordenador-geral do Comitê Nacional para Refugiados (Conare), órgão do Ministério da Justiça que analisa as solicitações de refúgio no Brasil, em entrevista ao jornal O Globo.
Atualmente, de acordo com informações adiantada pelo jornal, o Brasil já reconheceu um total de 11.327 refugiados. Na espera, o número é dez vezes maior: 152.690 pessoas aguardam resposta de seus processos. Mais da metade é de venezuelanos. No final de 2017, eram 85.700 pendências.
Maiores geradores e receptores de refugiados
A Síria, que sofre com a guerra desde 2011, continua como o país que oficialmente mais gera refugiados no mundo, seguida por Afeganistão, Sudão do Sul, Mianmar e Somália – esses cinco países, juntos, representam 67% do total de refugiados no mundo.
Países que mais geram refugiados no mundo, segundo ACNUR
Síria: 6,7 milhões
Afeganistão: 2,7 milhões
Sudão do Sul: 2,4 milhões
Mianmar: 1,1 milhão
Somália: 949,7 mil
Entre os países que mais contam com refugiados vivendo em seus territórios, a Turquia aparece em primeiro, seguida por Paquistão, Uganda, Sudão e Alemanha. Exceção feita aos alemães (que pela primeira vez entram no “top 5”), todos os demais são vizinhos de zonas de conflito – ou seja, a tendência da pessoa deslocada é, quando consegue sair do país de origem, buscar proteção em uma nação vizinha.
Países que contam com mais refugiados no mundo, segundo ACNUR
Turquia: 3,7 milhões (vizinha à Síria)
Paquistão: 1,4 milhão (vizinho ao Afeganistão)
Uganda: 1,2 milhão (vizinho ou próximo a países como Sudão, Somália e Congo)
Sudão: 1,1 milhão (situação semelhante à de Uganda)
Alemanha: 1,1 milhão (exceção à regra, mas destino final de muitos solicitantes de refúgio que buscam a Europa)
O Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados, Filippo Grandi, pede maior solidariedade nas respostas globais às questões do refúgio – os dados do relatório nos últimos anos mostram tendência de alta do deslocamento forçado.
“Em qualquer situação envolvendo refugiados, não importa onde ou há quanto tempo ela está se prolongando, é necessário que haja uma ênfase em soluções duradouras e na remoção de obstáculos para que pessoas possam retornar para suas casas”, afirmou.
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